sábado, 7 de maio de 2011

Aprender a ser gente

A propósito de certas coisas que se vão vendo e ouvindo neste Mundo, a mamã explicou-me que é preciso ter "muito chá e comer muita canja de galinha" para que uma pessoa seja gente grande... madura, sensata, inteligente. E há quem viva muitos, muitos anos e tenha muitos centímetros de altura (e até de largura!) e, mesmo assim, não consiga ser grande. Parece que o problema é que esses chás e caldos não são iguais àqueles que existem nas prateleiras dos supermercados.
Crescer é essencial, viver ajuda, pôr o coração à frente e perceber que a vida é uma maratona de afectos e não uma prova de velocidade onde só importa ganhar, também... e, já agora, ler um poema como este, que foi uma das coisas que ajudaram a mamã a trilhar o caminho que a tornou uma Mulher com 'M' graaande...

"Se conseguires conservar o bom senso e a calma
Num mundo a delirar e para o qual o louco és tu,
Se continuas a acreditar em ti com toda a força
quando todos os outros de ti duvidam,
Se és capaz de esperar sem desesperares,
E enganado, não mentires ao mentiroso,
Ou sendo odiado, ao ódio te esquivares,
E mesmo assim não pareceres santo nem pretensioso...
Se és capaz de reflectir sem que a isso só te dediques,
Sonhar mas estares acima do sonho,
Se experimentares a queda e o triunfo
e tratares esses dois impostores por iguais,
Se continuares a dizer bem de quem te calúnia
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor,
Se consegues ver o bem oculto em todo o mal
E continuares a sorrir ao amor dos teus amores ...
Se fores capaz de ver a verdade que falaste,
transformada em embuste para tolos,
E ver cair por terra tudo o que na vida construiste
E conseguires refazê-la com o pouco que te reste
Se arriscares numa única jogada
Tudo o que ganhaste,
E ao perder, perderes sem palavra uma agreste
Voltando ao princípio para começar de novo,
Se forçares coração, nervo e músculos, tudo
A renovar um esforço há muito vacilante,
E já exausto restar ainda em ti a vontade que ordena: 'presiste'!
Se vivendo entre o povo fores virtuoso e nobre
E, entre reis, não perderes a humildade,
Se amigo ou inimigo, fraco ou poderoso
Para ti forem iguais à luz da eternidade
Se quem conta contigo encontra mais que a conta,
Se podes empregar os sessenta segundos
de cada minuto em obra de tal monta
que cada minuto se espraia em século fecundo

Então tua será a terra
E tu, meu filho, serás Homem"

'If', Rudyard Kipling

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