terça-feira, 29 de junho de 2010

Vou para a creche

Já é oficial! Em Setembro vou para a escolinha. Chegou ontem a minha 'carta de admissão'... até me senti uma menina grande! Por lá, vou ter muitos amiguinhos da minha idade, um pátio enorme para as minhas brincadeiras e uma professora que, segundo a mamã, vai fazer actividades muito giras comigo! Agora só resta saber se, quando lá chegar, me vou adaptar depressinha...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Priminha



Gosto muito da minha prima. Ela é o ser mais pequeno da família a seguir a mim, apesar de nos separarem uns bons sete anos de existência. E como todos os seres pequenos de qualquer família que se preze, a C. quer brincar acima de tudo.
Ao contrário dos adultos, ela nunca se cansa nem desdenha das minhas solicitações. Ri-se quando me porto mal, dá-me beijinhos nas bochechas sujas, deixa-me tropeçar nas suas pernas e barrar-lhe o caminho.
Para dizer a verdade, quando a conheci, não atinei com ela por aí além. Assustava-me. É que apesar de ainda ser pequena, a C. consegue fazer mais barulho sozinha que uma orquestra desafinada no início do ensaio. E eu, quando ainda era um nico de gente, desconfiava muito do barulho.
Agora, porém, a prima é a minha melhor amiga pequena. Os seus gestos turbulentos já não me incomodam. A sua vivacidade contagia-me de alegria. Mas é isso que os amigos fazem uns pelos outros, não é? Fecham os olhos aos defeitos, alimentam-se das virtudes.
Gosto da prima sobretudo porque ela gosta de mim. Entendi-o quando, no meio de um abraço trapalhão, a C. disse: “serás sempre, sempre, sempre a minha priminha linda!”. O coração, dos pequenos ou dos grandes, não precisa de GPS: gosta de quem gosta de nós. É simples e seguro. Ou como diriam os economistas, tem ‘capital garantido’.

Dia de concerto




Já vos contei que fui ao meu primeiro concerto? Mas pensam que era um concerto para bebés? "Nã, nã"! Eu cá sou uma 'ganda maluca' e gosto é de música para gente grande. A coisa aconteceu um bocado por acaso, como todas as boas surpresas da vida. O papá, a mamã e eu tínhamos saído simplesmente para dar um passeio no jardim quando nos deparámos com uma banda de freak-jazz... pelo menos foi isso que eu ouvi a mamã dizer! Seja lá o que for, eu gostei! Fartei-me de gingar aos som da percussão e dos bandolins e, além disso, achei imensa àquele cabelo tipo palha-de-aço que os miúdos da banda usavam. Parece que se chamam 'rastas'!
E também já percebi que, quando a gente gosta muito de uma coisa, bate palminhas. Os artistas gostam e agradecem. Parece que lhes enche o ego. E aqueles, coitados, nem tinham ar de quem recebe um grande 'cachet'.... portanto, foi o que eu fiz. Com tanto entusiasmo que até era capaz de jurar que eles tocaram uma música só para mim!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Teste de resistência

Ando tão traquina ultimamente que até perdi o apetite! Pode parecer esquisito mas é mesmo verdade. A mamã põe-me na cadeira da papa, mas eu só quero sair de lá. Que seca, ter de estar sentada a olhar para o ontem.
E, depois, tenho mais que fazer do que engolir a paparoca sem antes analisá-la muito bem. Há lá coisa mais engraçada do que tirar as massinhas da boca e amarfanhá-las com as mãos! Ou pôr à prova a sua capacidade de resistência e atirá-las para o chão! E fazer da sopa creme para a cara ou verniz para a mesa, ãh? Isso então é o máximo. A mamã é que fica desesperada: não sabe onde se escondeu a bebé que comia tão bem e sossegadamente até há umas semanas atrás.
Tsss, tsss... A mamã não percebe nada. Vê-se mesmo que é de primeira viagem....Isto é só uma fase mamã! Isto passa!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Correio da J



A mamã hoje recebeu um email da J.
A J. é uma amiga da mamã de há muitos anos. Não é a sua maior amiga, nem tão pouco a mais presente, acho até que nunca partilharam muitas horas de cumplicidades e segredos.
Mas não são precisas muitas horas para saber que nos sentimos bem quando temos um certo alguém por perto. A J. é uma amiga assim. Dos tempos da faculdade, que é como quem diz, dos tempos em que as maiores preocupações da mamã eram as frequências e arranjar tempo para ir beber um copo ao Bairro Alto.
Uma amiga do tempo em que a mamã e os amigos não passavam de uns miúdos cheios de sonhos, em que tudo se resolvia com um abraço, uma conversa e um cigarro à mesa do café. O Mundo parecia tão fácil e acessível.
A mamã nem sequer sabe bem explicar, mas crê que a magia que a liga à J. - e aos outros amigos desse tal tempo - passa pela simplicidade e a franqueza dos gestos que os uniam.
E mesmo que esses momentos não se repetiam agora muitas vezes, sempre que a mamã está com a J., o R. ou o A. sente-se em Paz, porque o Mundo volta a ser genuíno, repleto de caminhos certeiros e emoções transparentes.
Eu ainda não conheço a J. mas a mamã diz que ela parece uma fada. Eu cá acho que a J. é mesmo uma fada, como as das histórias que me lêem à noitinha. Daquelas que existem para nos relembrar a essência de nós, para nos dar a mão e embalar quando nos perdemos na loucura dos dias. Há pessoas que são um porto de abrigo, ao qual é bom voltar de vez em quando. Mesmo que elas nem sequer saibam disso.

domingo, 13 de junho de 2010

Eles são de Marte



A mamã nunca leu aquele livro do John Gray que se chama "Os Homens são de Marte As Mulheres são de Vénus". Na verdade, a mamã não acredita muito nessas teorias de psicologia de trazer por casa, sejam elas do John Gray ou de outro qualquer pseudo-entendido, porque todos os seres humanos são um intrincado (e por vezes indecifrável) tapete de nuances e fios, que confere a cada uma existência emocional única e incomparável.
No entanto, mesmo sem ter lido as tais páginas, a mamã tem cada vez mais a certeza de que o título desse livro encerra uma grande verdade.

Aqui no meu bairro há muitos meninos e meninas pequeninos. É um bairro novo, cheio de famílias em início de caminhada (só no meu prédio nasceram este ano quatro bebés novinhos em folha, vejam bem!) e como tal, sempre que por aqui passeamos, é um corropio de criançada.
As meninas adoram-me: assim que me vêem no carrinho, a passear com a mamã, vêm fazer-me festinhas na cabeça, perguntam como me chamo e uma mais atrevida até já quis pegar-me ao colo! Os meninos em geral estão mais ocupados com os carrinhos, os triciclos e as bolas. Ontem estava no café com a mamã e veio um menino ao pé de nós, aí com os seus três anitos mal medidos. Primeiro olhou para mim com ar curioso, depois empunhou um guerreiro de plástico, daqueles iguais aos dos desenhos animados que disparam umas pistolas de lazer, virou-o para a minha cara e disse: 'pum, pum, pum!'. Eu cá até achei piada mas a mamã ficou com os olhos tão esbugalhados que pareciam dois berlindes.
A mamã sabia que o menino estava a brincar. A repetir as imagens que vê na televisão e que, na sua inconsciência de menino, reproduz vezes sem conta em casa, na escola, com os amiguinhos, o irmão, os filhos dos estranhos. A mamã sabe que o menino também não sabe e nem sequer imagina o que á a dor, a morte. A mamã sabe que ele brinca com as armas com a mesma pureza e inocência com que brinca com bolas ou carrinhos. A mamã sabe que a culpa é dos adultos que puseram o menino à frente da televisão a ver os adultos fazerem 'pum, pum, pum'.
Mas naquele momento a mamã confirmou uma coisa sobre a qual já desconfiava há muito tempo: as meninas já nascem com instinto maternal, com a capacidade de acariciar e embalar outros pequenos seres, ou à falta deles, os bonecos. Os meninos não. Elas são cuidadoras por excelência, eles são egocêntricos por natureza. Elas são de Vénus. Eles de Marte. O John Gray lá terá alguma razão.

E agora querem rir-se só um bocadinho? Naquele preciso momento também, por um par de segundos apenas, a mamã apeteceu-lhe ser outra vez pequenina, não ter discernimento nem razão, apelar à sua costela de maria-rapaz que continua bem viva, 'engatilhar' a mão, virar-se para o menino e... 'pum, pum, pum'!

Estreia atribulada


Ontem bebi sumo de laranja pela primeira vez, já que esta é uma das frutas que a minha 'pedi' diz que já posso comer a partir dos 10 mesinhos! Quando viemos do passeio, cheias de calor, a mamã fez um belo suminho. E eu, que agora embirrei que só bebo água ou seja lá o que for do copo (só para o meu letinho é que não dispenso o biberon), bebi com tanta sofreguidão que me engasguei. Eu até achei piada: tossia e ria ao mesmo tempo, sobretudo quando a mamã me dava pancadinhas nas costas... enfim, parecia uma tolinha. Mas ela é que não achou graça nenhum e esteve quase para me virar de pernas para o ar para eu desengasgar. Mas não houve necessidade. Assim que fiquei Ok, zás.. marchou o resto do suminho! Hum, k bom!

domingo, 6 de junho de 2010

Ando louca







Agora que corro a casa toda a gatinhar e que me ponho de pé mal vejo uma oportunidade, a casa é toda minha! Eu abro gavetas, atiro com a fruta para o meio do chão, ligo a televisão, puxo os cortinados, saio sozinha da cadeira da papa, enfim... um sem número de cabriolices que pôem o papá e a mamã de cabelos em pé! Eles dizem que agora é preciso ter mil olhos! A toda a hora, porque como já vos contei resolvi fazer umas greves de sono. Mas também do que é que eles estavam à espera? Com um mundo novinho em folha ao alcance dos meus olhos e das minhas mãos, tenho mais que fazer do que estar sossegada! Ou como diria o Sérgio Godinho, "tenho o resto da vida toda para dormir". Ele há poetas cheios de razão.

sábado, 5 de junho de 2010

De lá da praia...





Já sei o que é a praia! Já sei o que é enterrar os pés na areia, metê-la na boca, deixá-la entranhar-se nos dedos e em todas as pregas da pele. Lá para os lados onde fomos, o mar estava bravo e frio, mas parece que é assim que os míudos grandes - uns que vestem fatos de foca e têm uns brinquedos engraçados nos pés - gostam. A mãe é que não é dessas: só molhou os pézinhos! Mas também, coitada, ela não tinha um fato de foca para se aquecer...
Gostei muito do barulho do mar e deixei-me embalar por ele várias vezes. Vá-se lá saber porquê mas a praia dá-me sono. Cada vez que de lá saía, dormia o sono dos justos! Para variar, aliás, porque aqui entre nós que ninguém nos ouve, eu portei-me muito mal nestas férias! Eu conto: resolvi que já sou crescida demais para dormir à tarde. Mas se por acaso insistirem muito comigo, eu vingo-me... faço a sesta só para lhes fazer a vontade, mas depois só fecho a pestana lá para as duas ou três da manhã. Ora se os grandes vão para a borga, eu também tenho o direito de pôr-me de pé dentro da cama e por lá ficar a desafiar as leis da gravidade até às tantas! Ai, e sabem que o papá e a mamã queriam brincar muito aos médicos?! Pois eu fiz tudo para lhes trocar as voltas! Hi, hi, hi, hi...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uf... que alívio!





Hoje é que fomos mesmo à consulta do papá. Desta vez, tivemos uma lufada de sorte no caminho, porque não houve congressos, complicações no trânsito nem problemas no sistema que adiassem a dita. Mas não foi só desse modo que tivemos sorte: afinal está tudo bem com o papá! O nódulo está lá, na verdade, mas é daqueles mansinhos e inofensivos. O sacana deve é ter um humor negro, a avaliar pelo susto que nos pregou! Mas está tudo bem quando acaba bem, e isso é o que importa! Palavra do Sr. Doutor! E os 'senhores doutores' têm sempre razão, diz e pensa a mamã, que tem montes de gente de bata branca na família, o que lhe dá uma confiança tão inabalável em qualquer profissional da saúde que até ao papá faz confusão...
Agora ficamos com um nódulo de estimação no álbum de memórias da família. Ora se já lá estão os periquitos da avó, o fogareiro do J.C. e até as salsichas com couve da E., porque não haveria de hazer espaço também para um nódulo? Mas isto já sou eu a disparatar...
Agora já podemos ir de férias descansados. Já ganhámos o dia! Ou melhor, já ganhámos muitos dias de felicidade!